quinta-feira, 27 de maio de 2010

“Devo estar chegando ao centro da terra”


Foi o que pensou Alice enquanto caia em um buraco quilométrico (segundo ela mesma calculou). Ela não se questionou sobre o absurdo de haver um buraco como aquele, que ultrapassava lençóis freáticos e o magma terrestre. Alice era apenas uma criança. As coisas eram mais profundas (com perdão do trocadilho) que simples explicações científicas.

No filme de Tim Burton, conhecemos Alice crescida, adolescente, ainda questionadora, inconformada com as normas sociais de comportamento, resistente a um noivado sem amor. Foi boa a solução do roteirista/diretor de mostrar o retorno de Alice ao estranho mundo que conhecera na infância e a junção de elementos dos dois contos (Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho). 


Mas a Alice que retorna ao País das Maravilhas está diferente e não me refiro à reclamação recorrente sobre filmes criados a partir de livros: “o filme não faz jus ao livro”. Isso me parece óbvio. Dificilmente a narrativa fílmica será exatamente como a narrativa literária. São dois textos diferentes. Um não pode ser o outro.


O que me incomodou sobre a Alice do filme, foi uma certa apatia.  O mundo maravilhoso não faz sentido para ela, e ao contrário da Alice do livro, ela não cria um sentido próprio, novo. O filme parece baseado demais nas ações das personagens e esvazia um pouco a importância de cada um deles para a própria Alice.

Helena Bohan Carter está maravilhosa como a Rainha Vermelha. Falar mal do Johnny Depp para mim é blasfêmia. Tim Burton tem um estilo que nos dá vontade de assistir a qualquer coisa filmada por ele. As imagens são lindas. Tudo bem parecido com as ilustrações de John Tenniel. Por tudo isso, me diverti. Sai do cinema feliz por ter assistido logo na primeira semana (a badalação em cima das produções me faz perder o ânimo para assisti-las).  Qual é o defeito do filme?
 
                                                        A Alice cresceu.   



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